Em vida, publicou:
- "Serra-mãe";
- "Loas a Nossa senhora da Arrábida";
- "Cabo da Boa Esperança";
- "Campo Aberto";
Postumamente, publicou:
- "Pelo Sonho é que Vamos";
- "Diário";
- "Itinerário Paralelo":
- "O Segredo é Amar";
- "Cartas I";
O livro "Pelo Sonho é que vamos" apresenta-se em 27 poemas, na minha opinião, todos bastante acessíveis e de leitura rápida. É um livro pouco "pesado", não exige muito de nós e dá-nos uma visão algo inocente e bastante optimista do mundo em geral.
Aqui vos deixo com o poema que deu origem ao título do livro:
Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
- Partimos. Vamos. Somos.
Chegamos? Não chegamos?
Basta a fé no que temos.
Chegamos? Não chegamos?
E com o poema de que mais gostei:
A uma Rapariga
Somos assim aos dezassete.
Sabemos lá que a Vida é ruim!
A tudo amamos, tudo cremos.
Aos dezassete eu fui assim.
Depois, Acilda, os livros dizem,
dizem os velhos, dizem todos:
"A Vida é triste. a Vida leva,
a um e um, todos os sonhos."
Deixá-los lá falar os velhos,
deixá-los lá... A Vida é ruim?
Aos vinte e seis eu amo, eu creio.
Aos vinte e seis eu sou assim.
O poema "A uma Rapariga" foi um dos que mais gostei, essencialmente pelo seu cariz optimista. Dá-nos uma pequena ideia de como o poeta encarava a vida, deixando-nos com alguma esperança em relação ao futuro incerto e à Vida que irá ser supostamente triste. Remete também (de alguma forma) para um sentimento de segurança que transborda a partir do contraste estabelecido entre as respectivas idades de Acilda e do poeta, tendo este (segundo a sua experiência) desacreditado as más previsões de tudo e todos, para o futuro.