quinta-feira, 30 de maio de 2013

Sobre Sebastião..

Sebastião (Artur Cardoso da Gama) foi poeta e professor de português. Licenciou-se em filologia românica  em Lisboa. Teve uma vida breve (viveu apenas 28 anos) acabando por falecer tuberculose renal, de que sofria desde adolescente.
Em vida, publicou:
  1. "Serra-mãe";
  2. "Loas a Nossa senhora da Arrábida";
  3. "Cabo da Boa Esperança";
  4. "Campo Aberto";
Postumamente, publicou:
  1. "Pelo Sonho é que Vamos";
  2. "Diário";
  3. "Itinerário Paralelo":
  4. "O Segredo é Amar";
  5. "Cartas I";
O livro "Pelo Sonho é que vamos" apresenta-se em 27 poemas, na minha opinião, todos bastante acessíveis e de leitura rápida. É um livro pouco "pesado", não exige muito de nós e dá-nos uma visão algo inocente e bastante optimista do mundo em geral.

Aqui vos deixo com o poema que deu origem ao título do livro: 
                          
                            Pelo sonho é que vamos,



comovidos e mudos.

Haja ou não haja frutos,

pelo sonho é que vamos.

Basta a esperança naquilo

que talvez não teremos.

Basta que a alma demos,

com a mesma alegria,

ao que desconhecemos

e ao que é do dia a dia.
- Partimos. Vamos. Somos.



Chegamos? Não chegamos?
Basta a fé no que temos.
Chegamos? Não chegamos?


E com o poema de que mais gostei:

A uma Rapariga
Somos assim aos dezassete. 

Sabemos lá que a Vida é ruim! 
A tudo amamos, tudo cremos. 
Aos dezassete eu fui assim.



Depois, Acilda, os livros dizem, 
dizem os velhos, dizem todos: 
"A Vida é triste. a Vida leva, 
a um e um, todos os sonhos."



Deixá-los lá falar os velhos, 
deixá-los lá... A Vida é ruim? 
Aos vinte e seis eu amo, eu creio. 
Aos vinte e seis eu sou assim.



O poema "A uma Rapariga" foi um dos que mais gostei, essencialmente pelo seu cariz optimista. Dá-nos uma pequena ideia de como o poeta encarava a vida, deixando-nos com alguma esperança em relação ao futuro incerto e à Vida que irá ser supostamente triste. Remete também (de alguma forma) para um sentimento de segurança que transborda a partir do contraste estabelecido entre as respectivas idades de Acilda e do poeta, tendo este (segundo a sua experiência) desacreditado as más previsões de tudo e todos, para o futuro.






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