segunda-feira, 10 de junho de 2013

Raul Brandão..

Raul Germano Brandão nasceu no Porto, a 12 de março de 1867. Viveu 63 anos, durante os quais foi um militar, jornalista e escritor português famoso sobretudo pelo realismo das suas descrições.
A partir da obra que li, os Pescadores, constatei este facto, no entanto, foi um factor que me dificultou a respectiva leitura tornando-a significativamente repetitiva e
muito pesada.
O único capítulo que me despertou interesse suficiente para conseguir lê-lo com a devida atenção, foi o "Mulheres", no qual, o autor regista episódios que relembra da sua infância, de arrufos entre estas e salienta o papel imprescindível  destas no "mundo" da pesca que nem sempre é devidamente reconhecido.
De um modo geral, este livro reflecte a vida instável e difícil dos pescadores e das suas famílias, facto que eu considero que se relacione com a sua própria experiência, sendo Raul, filho e neto de homens do mar.
Para vos elucidar um pouco fiz a recolha de algumas passagens, onde se torna evidente a admiração que o autor demonstra pelo papel das mulheres:

( Acerca da poveira)

"Eternas sacrificadas, tiram-no à boca para aparelhar o cesto dos homens: vendem, carregam as redes, lavam-nas, sem um fio enxuto no corpo, metem o ombro aos barcos para os deitar ao mar. Acabada a pesca, todo o trabalho cabe à mulher, que fabrica a graxa, que trata dos filhos, que faz redes, as lava e as conserta e que vai vender por esses caminhos fora.(...)A mocidade dura-lhes o que duram as rosas."

(Acerca da mulher de Mira(?))

"O lavrador é avaro: tira o pão da arca a medo, como quem sabe o que lhe custa de esforços persistentes- o pescador, num dia de fartura, enche a casa de pão. E o mar inesgotável não lhe foge...Mas ela não. Ela, remenda, poupa e vai arrancá-lo à taberna. Conheço-lhes desde pequeno os extremos de dedicação e de força diante da desgraça. Esta pobre mulher- terra virgem de ternura- merecia um lugar à parte na nossa terra, pela sua abnegação, pela sua energia, e até pela distinção de sentimentos. Em Mira, o lar é sagrado."

Para agravar um pouco a opinião negativa que detenho sobre esta obra em especial (e todas que li deste autor) houve outro capítulo que me chamou à atenção e que eu parti do princípio de que iria gostar, "As Berlengas" visto estar relacionado com Peniche, uma localidade que considero maravilhosa. No entanto, o autor não partilha da mesma opinião que eu, e aproveita o capítulo para denegrir um pouco a fabulosa imagem de Peniche.



"Peniche é horrível. Por toda a parte por onde têm passado os homens dos municípios- por toda a parte transformaram as terras cheias de carácter em terras incaracterísticas, com edificações banais, avenidas novas e chalés de zinco nos jardins. Degradaram tudo."

Concluindo, Raul Brandão não se encontra decerto nos meus favoritos.



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