segunda-feira, 10 de junho de 2013

Vergílio e os seus contos

Vergílio Ferreira nasceu em Melo (Gouveia) a 28 de Janeiro de 1916. Ainda novo, foi deixado pelo pais que emigraram para o Canadá, permanecendo com os irmãos mais novos. Frequentou um seminário, no entanto,essencialmente por falta de vocação acabou por sair. Licenciou-se em Filologia clássica e acabou como professor em Lisboa. Vergílio morreu no dia 7 de março de 1996, em sua casa, em Lisboa, na freguesia de Alvalade, no entanto, a seu pedido foi enterrado na Serra de Estrela.





O romance "Manhã Submersa"( que tem como tema central a sua experiência no seminário do Fundão) , foi adaptado para o cinema por Lauro António (realizador). Neste filme, Vergílio Ferreira interpreta um dos principais papéis, o de Reitor do Seminário.






De Vergílio Ferreira li "Contos", constituído por 26 contos, na minha opinião, bastante acessíveis e fáceis de ler. Estes tratam assuntos bastante variados e dão-me uma ideia de espontaneidade (na medida, em que foram escritos espontâneamente). 

Referindo os contos: 

  • Adeus;
  • Mãe Genoveva;
  • O Encontro;
  • Gló;
  • A Palavra Mágica;
  • O Fantasma;
  • Saturno;
  • O Jogo de Deus;
  • Praia;
  • O Sexto Filho;
  • A Fonte;
  • O Morto;
  • Fado Corrido;
  • O Cerco;
  • Redenção;
  • Linha Quebrada;
  • A Galinha;
  • Havia Sol na Praça;
  • A Estrela;
  • O Imaginário;
  • A Visita;
  • O Espirro;
  • O Fresco;
  • Asa de Corvo;
  • Uma Esplanada sobre o Mar;
  • Carta;

Dos contos anteriormente referidos, o que mais gostei (devo dizer que foi uma escolha fácil) foi "Uma Esplanada sobre o Mar" antes de mais porque faz referência a um meio que eu adoro e gostaria de estar neste momento, a Praia, e também porque é um conto que nos leva a reflectir e nos leva a por no lugar das respectivas personagens (neste caso, da rapariga loira de olhos claros e pele queimada e do rapaz também loiro). Alerta-nos para a forma como vemos e levamos a vida e também para a forma como encaramos a morte. Será que damos demasiada importância ás futilidades e pequenas coisas da vida, e não nos mentalizamos que esta tem um fim, que irá chegar mais cedo ou mais tarde?

A minha resposta é sim, no fundo, este conto funciona como uma crítica disfarçada e um alerta para a forma como a maior parte de nós aproveita a vida e dá valor aquilo que é realmente importante. 

Algumas passagens de "Uma Esplanada sobre o Mar":

"-Nunca reparaste que há certas coisas que nós já vimos muitas vezes e que de vez em quando é como se fosse a primeira?"


"-Nunca está certa, aliás, seja a que hora for- continuou o rapaz.- Tudo pode estar certo talvez a qualquer hora. Menos essa banalidade ridícula da morte. De tudo se pode falar, menos dela. Nem falar, nem filosofar, nem fazer seja o que for que a tenha a ela em conta. Há um aliança contra ela como contra uma infâmia. Ou como se o não falar a excluísse. E é a única verdade perfeita."


"-A estupidez é só nossa, porque a vida não é verdade. Mas é a única coisa em que se acredita-disse o rapaz ."



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